Gabriel Oliveira nasceu no coração do Tocantins, mas foi o Cerrado que o adotou como filho. Aos 26 anos, ele carrega nos traços o vigor desse bioma resistente, transformando raízes, galhos e animais em poesia visual. Artista visual, tatuador e engenheiro florestal pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), construiu uma jornada onde ciência, ancestralidade e arte se entrelaçam como cipós.
Sua infância foi marcada por simplicidade e silêncio. Em um assentamento rural, sem energia elétrica e longe de escolas, aprendeu com a própria terra: caminhava como os animais, imitava seus sons, descobria onde havia água e alimento. Dessa convivência íntima com a natureza nasceu um olhar detalhista, atento, capaz de enxergar beleza até na aspereza. Esse olhar, mais tarde, ganharia forma em nanquim, hachuras e pontilhismo.
Há sete anos, Gabriel consolidou sua linguagem artística: obras em preto e branco que retratam fauna e flora brasileiras, especialmente as espécies do Cerrado. Seus desenhos são como o bioma que o inspira,brutos e delicados ao mesmo tempo. Ao contemplar suas criações, não vemos apenas plantas ou animais, mas sentimos a pulsação de um território vivo, que resiste ao esquecimento.
Mas Gabriel não é apenas artista; é também educador e guardião da floresta. Como engenheiro florestal, participou de pesquisas, ministrou palestras e levou conhecimento a comunidades e escolas. Em projetos como o Escola Floresta, aproximou crianças do Cerrado, mostrando que cada semente guarda um mundo inteiro.
Suas obras já viajaram em exposições pelo Tocantins e pela Bahia. Agora, ele se prepara para um de seus maiores voos: o projeto Cerrado Exposto, aprovado pela Lei Rouanet Norte, que percorrerá dez municípios do Tocantins. Um encontro entre arte e território, onde cada cidade poderá ver refletida em papel e tinta a alma do bioma que nos sustenta.
Gabriel Oliveira é, antes de tudo, um tradutor da terra. Seus traços não são apenas imagens, mas memórias vivas de um Cerrado que respira, resiste e floresce através da arte.