Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): Uma Perspectiva Genética e Terapêutica

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Introdução ao TDAH
: O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma neurodivergência (indivíduos cujo desenvolvimento neurológico e funcionamento cerebral diferem do que é considerado típico ou padrão) caracterizada por sintomas de desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade. Este transtorno afeta tanto crianças quanto adultos, influenciando significativamente o desempenho escolar, as relações interpessoais e a qualidade de vida.

Mecanismos Biológicos e Genéticos: Estudos recentes têm lançado luz sobre os mecanismos genéticos e epigenéticos subjacentes ao TDAH. A epigenética, que envolve mudanças na expressão gênica sem alterar a sequência do DNA, parece desempenhar um papel crucial. Pesquisas indicam que a metilação atípica do DNA, um mecanismo epigenético, pode influenciar a manifestação do TDAH. Isso sugere que fatores ambientais como estresse, dieta e exposição à poluição podem alterar a expressão genética e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento do transtorno.

Medicação e Mecanismos de Ação: O tratamento do TDAH frequentemente envolve medicações estimulantes, como o metilfenidato. Este medicamento atua aumentando os níveis de neurotransmissores no cérebro, como a dopamina e a noradrenalina, que são fundamentais para o controle da atenção e do comportamento. Ao equilibrar esses neurotransmissores, o metilfenidato ajuda a melhorar a concentração, diminuir a impulsividade e a hiperatividade, promovendo uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

Genética do TDAH: A genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento do TDAH. Estudos recentes apontam para a possibilidade de variações genéticas únicas estarem envolvidas em cerca de metade dos casos herdados de TDAH. Essas variações, combinadas com fatores epigenéticos, podem explicar a alta taxa de herdabilidade observada em famílias com histórico do transtorno.

TDAH na Infância e na Vida Adulta: Embora o TDAH seja comumente associado à infância, ele também pode persistir ou mesmo se manifestar na vida adulta. Sintomas como desatenção, dificuldade de organização e impulsividade podem impactar significativamente a vida profissional e pessoal dos adultos. O reconhecimento e o tratamento adequados são essenciais para gerenciar os sintomas e melhorar a funcionalidade.

Conclusão: O TDAH é um transtorno complexo com influências genéticas e ambientais significativas. Avanços no entendimento da epigenética e da genética do TDAH estão proporcionando novas perspectivas sobre sua origem e tratamento. A medicação, como o metilfenidato, desempenha um papel vital na gestão dos sintomas, oferecendo uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes. À medida que a pesquisa avança, espera-se uma compreensão mais aprofundada e tratamentos mais personalizados para o TDAH.


Glossário

Epigenética:  estudo de como o comportamento e o ambiente podem causar mudanças que afetam a forma como os genes funcionam. Diferente de alterações no código genético em si (mutações), as mudanças epigenéticas são reversíveis e não alteram a sequência do DNA, mas podem mudar como o corpo lê um segmento de DNA. Fatores como dieta, estresse, e exposição a toxinas podem levar a mudanças epigenéticas, afetando a metilação do DNA e, por consequência, a expressão gênica. Estes fatores são particularmente relevantes no estudo de condições neurodivergentes, como o TDAH, onde as variações na expressão gênica podem influenciar o desenvolvimento e a manifestação do transtorno.

Neurodivergência:  variações no funcionamento neurológico dentro do espectro da normalidade humana. Este termo abrange uma gama de condições onde o desenvolvimento e funcionamento do cérebro diferem do que é considerado típico. Inclui condições como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA), Dislexia, e Transtorno de Processamento Sensorial. A abordagem da neurodiversidade valoriza estas diferenças como variações naturais, enfatizando a aceitação e adaptação social para atender às necessidades de pessoas neurodivergentes.

Metilação:  processo biológico essencial que ocorre no DNA. Ela envolve a adição de um grupo metil (um carbono ligado a três hidrogênios) às bases do DNA, geralmente na citosina. Este processo é crucial para regular a atividade do gene sem alterar a sequência do DNA. A metilação pode ativar ou desativar genes e desempenha um papel fundamental no desenvolvimento, na diferenciação celular, e em processos como o envelhecimento e a resposta ao ambiente.


REFERÊNCIAS:

Quantitative and Molecular Genetics of ADHD
Cientistas podem ter achado a resposta para o TDAH em genes únicos